Quebraço: Espetáculo em cartaz no Teatro do Goethe-Institut narra reflexões sobre a quebra de expectativas, frustrações e recomeços
O espetáculo marca o retorno das atividades presenciais do Grupo de Dança Contemporânea da UFBA após a pandemia da COVID-19, e segue em cartaz até 27 de maio
Por: Gleisiane Pereira
Com direção dos professores e coreógrafos Lucas Valentim e Thulio Guzman, a performance marca o reencontro e retorno das atividades presenciais do Grupo de Dança Contemporânea da UFBA após a pandemia da COVID-19. O elenco é composto por 16 dançarinos e estudantes da Escola de Dança da UFBA, que de maneira colaborativa participaram de todo o processo de criação.
“Foi um processo único, muito intenso e que exigiu de todas as pessoas que estavam participando, mas também foi um processo delicioso de fazer, de várias descobertas, de quebra de expectativa, de conhecimento, de reconhecimento, de força, de tesão, de raiva, de choro”, comentou a dançarina Raquel Souza, que compõe o elenco do espetáculo.
Para Victor Mota, videomaker, que prestigiou a estreia do espetáculo, a performance faz refletir sobre a sociedade após a pandemia de Covid-19. “O espetáculo tem essa proposta, de trazer esse mundo pós fim do mundo”, contou ele.
A performance foi construída através de experimentos com diálogos e relatos transcritos em cartas, respondendo à seguinte indagação: “Como acordar novos dias?”. Em meio ao processo de curadoria e desenvolvimento, surgiu um poema que falava sobre quebras, feito por Yasmin Queiroz [também dançarina do elenco], dando assim, origem ao nome – ‘Quebraço’.
O diretor Thulio Guzman destacou que o projeto foi pensado e idealizado de maneira que permitisse expressar a coletividade social como recurso para seguir em frente, apesar das adversidades da vida. Com a coleta de vivências individuais de cada um do grupo, que ao se juntar, transformou-se em um coletivo. “Foi surgindo propostas coreográficas corporais que conseguissem avançar para além dessas frustrações das expectativas, para além das dificuldades que a gente estava vivendo”, acrescenta ele.
A proposta, que aparece de forma surpreendente durante toda apresentação, é trazer ao público uma quebra de expectativa através de experimentos comportamentais construídos em nossa sociedade. Além disso, busca ainda fazer uma provocação a respeito da frustração e dificuldades em torno de situações não resolvidas. “Nosso espetáculo tem muitas quebras e tem muitas mudanças. É muito sobre as não expectativas, sai um pouco do lugar do representar e a gente tenta mais ser e sentir as coisas”, diz a dançarina Aisha Ajiyobiojo.
Uma belíssima apresentação que despertou inúmeros sentimentos e reflexões para aqueles que puderam assistir à estreia. Rica em detalhe, a coreografia, que traz uma provocação ao público sobre seus comportamentos animalescos e sobre sua própria essência. “Me despertou muitos sentimentos, de angústia, de memória e de lembranças. Acho que a energia que eles trazem, ao longo de todo o espetáculo, essa coisa do bicho, fiquei com vontade de me transformar em bicho junto com eles”, diz Victor Mota.
“Nosso espetáculo tem muitas quebras e tem muitas mudanças. É muito sobre as não expectativas, sai um pouco do lugar do representar e a gente tenta mais ser e sentir as coisas”, diz a dançarina Aisha Ajiyobiojo.
É também o sentimento que descreve Wendy Moretti, artista, que assistiu também ao espetáculo na noite de sexta (19/5): “Eu acredito que o espetáculo tem uma relação animalesca do dizer, eu acho que desperta um pouco mais desse animal que existe na gente.”
Para quem ainda não assistiu, as últimas apresentações ocorrerão nos dias 26 e 27 de maio, às 19h, no Teatro ICBA – Goethe-Institut, localizado no Corredor da Vitória, em Salvador. Com ingressos que custam entre R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira).
Ingressos disponiveis, mais info no instagram do espetáculo:
http://www.instagram.com/quebracogdc