Seminário elabora propostas para uma política de cultura para as universidades
*Por Luiza Peixoto
Após dois dias de debates e reflexões acerca da relação entre Cultura e Universidade, aconteceu na manhã da última quarta-feira, 24, o encerramento do 1º Seminário Cultura e Universidade, que discutiu propostas para uma política pública de cultura para as universidades. Sete Grupos de Trabalhos (GTs) foram divididos, com o objetivo de elaborar propostas que sirvam de base para uma política nacional.
Entre os grupos de trabalho, o que abordou o tema mais abrangente foi o GT 1, que discutiu Arte e Cultura na Universidade: novos arranjos para o ensino, pesquisa e extensão. Uma das propostas do GT foi a ampliação do número de bolsas dentro da universidade. O grupo discutiu a ideia de que, além da ampliação, as bolsas devem contemplar os mestres da cultura oral, promovendo assim o encontro de tais saberes com o ensino formal. A preservação e valorização dos mestres da cultura oral foi um tema recorrete em outros grupos, como o GT 4, que discutiu Diversidade na Universidade.
Izabela Brochado, da Universidade de Brasilia (UNB), responsável por apresentar as propostas do GT 1 no encerramento ressaltou a importância do seminário para a consolidação de políticas públicas de cultura para as universidades. “Este evento foi sólido e ao mesmo tempo diverso e democrático, espelhando a diversidade cultural brasileira. O resultado será um projeto cultural arrojado que contempla não só as universidades, mas também as comunidades em geral”, disse.
O GT 2, com o tema Gestão Cultural e as Instituições de Ensino Superior, abordou a necessidade de abertura de Editais Nacionais e Regionais, buscando valorizar as especificidades de cada região, assim como a regularidade desses editais. Outro ponto abordado pelo grupo foi a importância da existência de seminários de avaliação dos projetos contemplados pelos editais, assim como a elaboração de indicadores para acompanhamento e desdobramento dos projetos. As Perspectivas para a Formação de Profissionais dos Setores Criativos foi o centro da discussão do GT 3, que apresentou, entre outras propostas, a importância de se identificar o perfil do profissional de cultura, nas perspectiva da economia criativa. Para o grupo, é fundamental identificar as competências cognitivas do profissional que vai mediar a relação entre o aluno e o mundo. Segundo Rafael Barreira, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE) no evento e participante do GT 3, as discussões que o seminário propôs são importantes para assimilar novos desafios, criando estratégias de melhorias também para os alunos.
No âmbito da Diversidade na Universidade, discutida no GT 4, foi assinalada a necessidade de integrar a diversidade cultural na grade curricular, com a realização de concurso específico para professores da disciplina. Fortalecer centros de cultura, mapear publicações de materiais produzidos por mestres da cultura oral e a criação de uma universidade indígena foram outros pontos apresentados pelo grupo. O GT 5 discutiu Estratégias Transversais de Comunicação e Cultura, e ressaltou a importância de projetos que contemplem a inovação de conteúdo, investimento em estrutura física e recursos humanos e atualização do profissional de comunicação. O grupo ainda contemplou propostas como criação de fóruns envolvendo a universidade e a comunidade externa, realização de prêmios para os profissionais de comunicação e a necessidade de recurso destinado a pagamentos de diárias e passagens para cobertura de eventos fora da universidade.
O GT 6, com o assunto Equipamentos Culturais e Circulação da Produção Artística e Cultural, trouxe como propostas o mapeamento dos equipamentos culturais da universidade, a criação de bolsas que atendam a comunidade acadêmica e não acadêmica, a realização de fóruns que potencializem as produções artísticas da universidade e a criação de mecanismos de gestão compartilhada entre universidade e comunidade.
Encerrando o compartilhamento dos relatos, o Grupo de Trabalho 7 levou à plenária o tema Direitos Autorais e Recursos Educacionais Abertos, trazendo a importância de se discutir direitos autorais nas atividades de extensão ou no próprio conteúdo acadêmico das universidades, assim como a divulgação aberta de revistas acadêmicas. Como ato de apoio à modernização da Lei do Direito Autoral, o grupo elaborou uma carta destinada à Presidência da República.
Finalizando o seminário, a mesa mediadora ressaltou a importância das propostas apresentadas para a criação de uma política nacional de cultura para as Instituições de Ensino Superior e assumiu o compromisso de publicizar os relatos, transformando-os em um documento que possa ajudar na implementação de tais políticas.