Série retrata histórias de estudantes cotistas
Lançamento da série documental Travessias Negras reuniu aproximadamente 500 pessoas no Teatro ISBA
Por: Glenda Dantas
Na noite da última quinta (24), aproximadamente 500 pessoas compareceram ao Teatro ISBA, em Ondina, para assistir o lançamento da série documental Travessias Negras. A série narra em cinco capítulos as trajetórias de vida de quatro jovens negras/negros moradores da periferia de Salvador, que através da política de cotas ingressaram na Universidade Federal da Bahia nos cursos de Direito, Medicina, Comunicação e Letras.
Antonio Olavo, diretor da série, abriu o evento saudando a todos os presente e fundindo das expectativas disse “eu não deveria falar sobre a importância do filme ou sobre o tema que ele trata: a questão da política de cotas. A série fala por si só”, em seguida convidou ao palco à equipe técnica do filme e os protagonistas.
Durante cerca de uma hora e meia foram exibidos cinco episódios distintos da série. Nos quatro primeiros, os telespectadores acompanharam os e as protagonistas em seus respectivos convívios sociais e em suas relações multiétnicas, tanto no espaço escolar quanto no familiar e comunitário. O desfecho da série se dá no quinto episódio, no qual eles e elas se encontram e debatem suas vivências e compreensões, dentro e fora da Universidade.
Para Maura Cristina, coordenadora Estadual do Movimento Sem-teto da Bahia (MSTB), “o documentário é de tamanha importância para nós, do Movimento Negro, que fazemos lutas e temos a obrigação de correr atrás do que é nosso de direito”. Ela destacou ainda a importância da séria abordar as perspectivas de pessoas de diferentes faixa etária que passaram a ter acesso à universidade pública após a política de cotas. “Isso mostra para essa sociedade racista que ter direito à universidade, à educação com qualidade, é um direito nosso, do povo brasileiro, que por muitos e muitos anos nos foi negado.”
Para o mediador da série, Rodger Richer, o que o qualificou para participar da produção foi o fato de ser uma liderança política negra na UNE – União Nacional dos Estudantes – e ter coordenando o 5º Encontro Nacional de Negros, Negras e Cotistas da UNE. Richer é concluinte de Ciências Sociais na UFBA e até julho exercia o cargo de Diretor de Combate ao Racismo da União Nacional dos Estudantes (UNE). Já para Daiane Rosário, estudante de Comunicação e uma das protagonistas da série, os jovens convidados a participar foram alunos, que de alguma forma, estão engajados e conscientes na luta pelos direitos do povo negro.
Também protagonizam a série André Melo, de Medicina; Hilmara Bitencourt, de Letras e Vitor Marques, de Direito. Os mediadores das entrevistas foram Rodger Richer, de Ciências Sociais, Samira Soares, do Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, Julia Morais, estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Marcelo Ricardo, Comunicação-Jornalismo.
Para Richer, a diversidade de narrativas apresentadas pela série evidencia que os jovens negros não são homogêneos. “Ter contato com essas diversas formas de atuação, pra mim e para meus companheiros de cena, foi fundamental. O documentário não só cumpriu a tarefa de visibilizar essas travessias negras, mas também de interconectar em um elo comum, trajetórias diferentes, eu vou levar isso para o resto da minha vida”.
TRAVESSIAS NEGRAS
Com o objetivo de contribuir no aprofundamento da discussão sobre a temática das relações raciais no Brasil, a série discute a inserção da população negra no ensino superior, como tem sido rompidas as barreiras e a superação de desafios. A intenção, de acordo a produção, é somar esforços para romper a invisibilidade ainda existente nas abordagens históricas em educação, ajudando a construir assim, um melhor entendimento sobre as trajetórias educacionais de negras/negros no Brasil e os bloqueios impostos para o não acesso à educação.
Travessias Negras é uma obra feita para a televisão que, a partir de setembro, será exibida, em aproximadamente, 230 emissoras da rede pública do Brasil inteiro. Para Olavo, trata-se de uma grande conquista, pois pessoas do Brasil inteiro vem lutando, nos últimos dez anos, pelo desenvolvimento de uma política de audiovisual diferenciada e plural.
Aqui na Bahia a série será transmitida na TV Educativa, todas as quintas-feiras a partir do dia 20 de setembro às 21:30. O primeiro episódio será reprisado no sábado da mesma semana, dia 23 de setembro, às 17h. A série é fruto do financiamento da Agência Nacional de Cinema (ANCINE), através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
Uma das questões emblemáticas desse novo milénio perparça pela discursão das igualdades de cor e género, que, após a polarização entre as classes, advinda sobre tudo, após a grande crise do capital e o golpe parlamentar preconizado pelas classes dominantes que, radicalizou e deixou bem afluente as problemáticas do racismo que, a priori, atuava de forma disfarçada no seio da sociedade. Portanto, em tempo, esse texto produzido pela minha brilhante, competente e jovem militante Glenda Dantas Cardozo, nos leva a refletir sobre os novos paradigmas impostos aos discursos académicos e com reflexo em toda a sociedade e a importância das universidades públicas em abrir o debate, tendo a frente, jovens académicos e com personalidade renovado a cerca da importância do debate social da problemática em questão, bem como, as buscas de solução e de aprimoramento das politicas publicas de inclusão.