Espetáculo de rua explora a temática da cegueira
CÊNICAS Produção do Coletivo Noz Cegos, Cidade Cega conduz o público a explorar a cidade com performances no Campo Grande
Por Verena Guimarães
A partir de sexta-feira (17), no Largo do Campo Grande, o espetáculo performático Cidade Cega vai proporcionar ao público uma experiência sensorial. No elenco estão os artistas do Coletivo Noz Cegos e a atriz Milena Flick. Eles vão conduzir os espectadores a uma redescoberta da cidade.
Cidade Cega foi beneficiado pelo Prêmio Funarte Artes de Rua e tem como iniciativa criar debates sobre os espaços urbanos. A apresentação de rua explora, através da temática da cegueira, o espaço urbano. O roteiro foi construído a partir das obras literárias Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, e as peças Os Cegos, de Michel de Ghelderode e Maurice Maeterlinck.
Teatro de rua
A ideia principal de Cidade Cega é criar um espaço onde as pessoas tenham a oportunidade de pensar a cidade sob uma nova perspectiva. Os espectadores serão participantes do espetáculo. Vendados e em grupos, eles vão ser conduzidos por atores não videntes, em um convite a explorar o largo. As buzinas, os desníveis do chão e até mesmo os olhares curiosos dos transeuntes fazem parte da composição do cenário e da sonoplastia.
Carlos Alberto é o idealizador e encenador do espetáculo. Atualmente, também é professor e estudante da pós-graduação da Faculdade de Teatro da Ufba. O espetáculo surgiu como resultado de sua pesquisa do doutorado. “O estímulo é ir além do que estamos acostumados, tentar desligar o sentido da visão e perceber que temos outros também. É mostrar como podemos estimular os outros sentidos e provocá-los dentro da cidade”, explica.
Noz Cegos
O grupo de teatro Noz Cegos nasceu em 2006. Desde então, já apresentou peças na Bahia, Aracajú e Paraíba. A performance contará também com a participação do Coral do Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP).
Gilson Coelho é ator, participante do grupo e tem baixa visão desde 2004. Ele conta que foi um momento de grande transformação e o teatro foi essencial para sua vida. É a primeira vez que ele atua em um espetáculo de rua: “O espetáculo trouxe para o meu grupo uma inovação e, a partir daí, passamos a vivenciar essa experiência de rua. O silêncio, o som, os cheiros e o próprio medo”.
São 20 vagas por apresentação. Metade das vagas são destinadas para inscrição no blog (cidadecega.blogspot.com.br) e outra parte presencialmente. Os interessados devem chegar ao local às 18h para fazer a solicitação. Nos sábados 18 e 25 haverá duas sessões, às 18h e às 20h.
CIDADE CEGA/ 17 A 26 DE JULHO (SEXTA A DOMINGO)/ 19h/ LARGO DO CAMPO GRANDE/ GRATUITO
Foto: Victor Hugo Sá