De Cachoeiro de Itapemirim à UFBA: como a estudante Cinthia Maria transformou suas dificuldades em apoio para estudantes em suas redes sociais
Por Madu Motta
Quando precisou sair de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, para estudar na Faculdade de Comunicação da UFBA, Cinthia teve dificuldades para se adaptar à nova rotina, que já é muito complicada para pessoas que estão entrando na universidade. Ter que viver longe da família e se aventurar em um lugar desconhecidos fez das dificuldades na rotina da estudante de Produção Cultural, uma chance de ajudar outras pessoas que passavam pela mesma situação em que ela viveu com dificuldade em conseguir informações que seriam necessárias para assistência dela, como o acesso ao auxílio disponibilizado pela universidade ou até mesmo dicas de bairros que abrigavam melhor estudantes.
A partir dessa falta, Cinthia criou o seu canal no YouTube, que aborda diversas temáticas auxiliando pessoas que estão vindo estudar em Salvador, com um trabalho que se expande e consegue alcançar públicos fora da margem esperada pela estudante, resultando em um canal com mais de 3 mil inscritos, e uma conta no Instagram com quase 5 mil seguidores. A rotina dela na universidade, além de dicas para pessoas que estão morando sozinhas pela primeira vez ou que tiveram que se mudar para estudar, se tornou um grande auxílio para pessoas que estavam vivendo a mesma situação.
Vindo para Salvador com apenas 18 anos, Cinthia sentia que poderia compartilhar sua vivência com as pessoas, e ajudar a partir da sua realidade: pessoa que veio de outro estado, bolsista da universidade, além de outros fatores e dificuldades que ela enfrentou quando pousou na capital baiana:
“Eu estava longe da minha família, mas eu queria estudar e meus pais sempre me incentivaram, então eu vim, e a partir das coisas que fui vivendo dentro da universidade, eu sentia que precisava compartilhar com as pessoas para que pudesse ajudar de alguma forma e então eu criei o canal no YouTube”.
Cinthia já colhe os frutos de poder ajudar vários estudantes diariamente a partir do seu conteúdo, como relembra a futura produtora cultural:
“ Meu trabalho tem tido um retorno muito positivo, inclusive, essa semana eu encontrei um rapaz que falou que foi por minha causa que ele entrou na UFBA. Ele contou que mostrou meu conteúdo para a mãe para que ele pudesse vir estudar em Salvador. ”
O contato com as redes sociais para a estudante veio junto com as disciplinas que ela realizava no curso de Produção em Comunicação e Cultura, o audiovisual logo despertou seu interesse, acompanhando a vontade de mostrar seu cotidiano:
“Eu sempre busco relacionar as matérias que eu estudo com que eu produzo, então eu sempre tento articular com o que eu quero debater, como questões étnicas, raciais, de acessibilidade”, relata a estudante.
A capixaba, que também já se considera baiana, também usa dos meios digitais para trazer pautas que por muito tempo ela diz não ter tido acesso. Entrar na universidade foi um começo para que ela tivesse a oportunidade de descobrir novas possibilidades e entender a importância de tratar de temas como a entrada de estudantes negros nas universidades públicas:
“Eu venho de um lugar com um acesso a informações muito restrito. Então falar sobre a importância da entrada da comunidade negra na universidade é um conteúdo muito relevante que faz com que os jovens acreditem. Eu fui uma adolescente que não sabia que existia universidade federal, então quando eu trago conteúdos sobre raça e identidade, é para que essas pessoas que também não tem acesso a essas informações saibam que elas também podem sonhar”, conclui.