Mãe e universitária, Ariadiny mostra que gravidez não significa o fim dos estudos

Com 21 anos, Ariadiny encontrou o equilíbrio necessário para administrar sua vida pessoal com a rotina de mãe e universitária

Por Kelven Figueiredo e Lucas Arraz

 

A rotina universitária é baseada em estudos, estágios, trabalhos e amigos. Nesse momento da vida, a gravidez não parece ser uma boa combinação. Quando o sonho da maternidade chega mais cedo, o motivo de comemoração, pode se tornar um pesadelo para as estudantes que não tinham planos de encarar o papel de mãe durante o curso. Sem tirar o pequeno Afonso de 4 meses do colo, a mãe de primeira viagem, Ariadiny Araújo (21), relata com encanto nos olhos os desafios e alegrias de ser mãe, universitária, mulher, esposa, filha, jovem, amiga e só um pouco sagitariana.

Ariadiny é o tipo de universitária que prefere programas mais caseiros. Evita praias e lugares com muita gente, mas adora perder os dias na cama vendo séries, principalmente: “How I Met Your Mother”. A jovem já assistiu a sitcom protagonizada por Josh Radnor umas sete vezes e, após o nascimento de Afonso, ganhou um novo parceiro para assistir suas séries. A estudante de Comunicação admite, no entanto, que também adora sair para um bar qualquer e tomar uma cervejinha de vez em quando.

A mamãe ingressou na faculdade em 2013 no Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades. Acreditava que ao se formar, cursaria Direito, entretanto sua indecisão e compreensível incerteza quanto a necessidade em responder a cruel pergunta “O que você quer fazer exatamente?” causou uma mudança inesperada de planos. A situação só se resolveu quando, ainda no BI, se apaixonou pela pesquisa na área da comunicação popular e escolheu pela atual graduação.

Embora a habilitação seja em jornalismo, Ariadiny deixa bem claro que não tem a menor pretensão de ser jornalista. Seu sonho é seguir carreira acadêmica, sua paixão declarada é a academia. “Eu gosto muito da área acadêmica, escrever artigo, ir para congressos e desenvolver pesquisas na área de comunicação popular, a área que me interessa mais”, afirma.

Maternidade – “A gravidez, independente do momento em que a mulher descobre, é sempre um baque”, conta a mãe universitária que se descobriu grávida no primeiro semestre do novo curso. Felizmente, Ariadiny Araújo é uma exceção em muitos aspectos: recebeu suporte do marido, Petrus Pires; da família; e dos amigos da faculdade, que lhe deram apoio tanto para terminar algumas matérias como na organização de um chá de fraldas surpresa.

Adepta do parto natural, a jovem teve de lidar com uma médica que julga ser “totalmente cesarista”. Durante o pré-natal, médica e paciente tinham discussões constantes sobre como seria o parto. Por conta das divergências, Ariadiny resolveu procurar uma instituição que possuísse ideias mais parecidos com as dela e encontrou amparo na Mansão do Caminho. Hoje ela classificada a experiência do parto  como “a mais tranquila possível”. Por ter sido submetida a uma sessão de aromaterapia, conseguiu até dormir durante no momento que Afonso vinha ao mundo. E é com imensa gratidão no olhar que ela relata: “Foi um parto sensacional”.

“O parto natural foi a experiência mais incrível que tive na vida, nunca antes eu tinha me sentido tão mulher”, declara a entusiasmada mãe que tem planos  de dar um irmãozinho ao pequeno Afonso. Ela acha importante a presença de um irmão devido a sua experiência como filha única e a memória do desejo não realizado de ter um irmão. O novo filho ou filha do casal Ariadiny e Petrus deve chegar quando a mamãe terminar o curso de Comunicação.

Depois do nascimento de Afonso, o cansaço acumulado por Ariadiny durante a primeira formação, somado às transformações hormonais causadas pela gravidez em pleno semestre de verão, foi curiosamente subvertido. Prestes a retornar às aulas na UFBA e passar o primeiro Dia das Mães ao lado do filho, é perceptível a animação em sua fala: “agora volto muito mais responsável. Sei que preciso me formar logo para poder seguir minha carreira e cuidar do meu filho”, afirma. Ariadiny reconhece que as tarefas de ser mãe e as de ser universitária sozinhas já são desafiadoras, mas juntas, precisarão de toda a sua atenção.

Para enfrentar essa junção entre duas tarefas de responsabilidade, ela já bolou um plano. As tardes antes gastas no feed do Instagram e Facebook vendo fotos serão substituídas pela companhia de Afonso, já as noites ficam dedicadas para a leitura dos textos acadêmicos passados pelas matérias da faculdade. A maior dificuldade mesmo fica por conta de ficar sem a companhia do filho sozinho enquanto assiste  aulas na FACOM (o papai promete que vai cuidar direitinho do pequeno). Mas voltar para casa e encontrar sua família, enquanto luta pelo sonho de fazer mestrado e doutorado na área de Comunicação, serão a motivação que ela precisa.

 

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